Diabetes infantil, tudo o que você precisa saber

A mídia está gritando aos quatro ventos que o diabetes mata mais do que a AIDS e acidentes de trânsito, eu gostaria de dizer que é um exagero ou sensacionalismo, mas essa é uma triste realidade. O que mais preocupa é que essa doença não atinge apenas adultos e idosos, pois segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes há no Brasil cerca de 12 milhões de diabéticos. Destes cerca de 97,3 mil estão na faixa etária de 0 a 29 anos. Dito isso, entende-se que muitas crianças e adolescentes tem diabetes e os pais não sabem.
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Mas como descobrir se meu filho tem diabetes? Como devo cuidar dele? Para responder a essas e outras perguntas conversei com a Dra. Graziela Alessandra Klein - CRN 10-1184, nutricionista na Clínica Livon de Joinville (SC).

Principais sinais de alerta:
  • Perda de peso não explicada;
  • Poliúria (urinar várias vezes ao dia);
  • Polidipsia (sede excessiva);
  • Desidratação;
  • Cansaço;
  • Irritabilidade, entre outros.
Se você perceber algum dos sintomas acima leve seu filho ao pediatra e posteriormente ao endocrinologista, pois ele pode estar com diabetes. As crianças são atingidas geralmente pela diabetes tipo 1. Mas o que é a diabetes? Tipo 1 ou tipo 2? Aqui vão algumas explicações:

Diabetes Mellitus

Diabetes mellitus (DM) é uma condição na qual o pâncreas deixa de produzir insulina ou as células param de responder à insulina que é produzida, fazendo com que a glicose sanguínea não seja absorvida pelas células do organismo e causando o aumento dos seus níveis na corrente sanguínea. Se não tratado e controlado, pode evoluir para complicações macro e microvasculares. São elas oculares, renais, neurológicas, cardiovasculares, dentre outras. 
Existem dois tipos principais da doença: O diabetes tipo 1 (DM1) e o tipo 2 (DM2).

DM1: É uma doença autoimune, ou seja, o nosso sistema imunológico ataca e destrói os tecidos ou células saudáveis do nosso organismo por engano. No caso do diabetes, o nosso corpo destrói as células beta, que estão localizadas no pâncreas e são chamadas de Ilhotas de Langerhans. Estas células são responsáveis pela produção de insulina. No diabetes tipo 1 estas células são destruídas e o organismo para de produzir insulina. Por isto, pessoas com este tipo de diabetes precisam injetar insulina para sobreviver. É comum aparecer na infância, mas pode ocorrer na vida adulta também. O DM1 pode ocorrer em pessoas magras e ativas.

DM2: O diabetes tipo 2 está relacionado à obesidade e ao sedentarismo. É um tipo de diabetes adquirido, graus variados de diminuição de secreção e resistência à insulina.

Sendo que o DM1 é o que mais atinge as crianças e os adolescentes. Mas existem caso de DM2 nessa fase também.

Tratamento

  • Alimentação adequada;
  • Prática de atividade física regularmente;
  • Insulina diariamente (múltiplas aplicações) nos casos de diabetes tipo 1;
  • Hipoglicemiantes orais (medicamentos) em casos de diabetes tipo 2, podendo estar associado ou não da insulina (depende do caso).

Dosagem ideal de glicemia

Qual é a mãe que nunca se perguntou: "De quanto deve ser o diabetes infantil? Qual a dosagem normal?", de acordo com a nutricionista esta dosagem segue as dosagens de qualquer faixa etária, "O diagnóstico do diabetes infantil segue o mesmo valores de referência das demais faixas etárias", afirma a dra. Graziela. Para descobrir a dosagem de glicose do seu filho você pode fazer um acompanhamento em casa com um medidor de glicose ou um exame de sangue completo, para saber se a dosagem está boa segue a lista:

- Glicemia em qualquer horário do dia superior a 200mg/dL com a presença dos sintomas do diabetes.
- Glicemia de jejum igual ou maior de 126 mg/dL, devendo ser repetido para confirmação. O jejum deve ser superior a 8 horas e inferior a 16 horas.
- Teste Oral de Tolerância à Glicose (TOTG) maior de 200mg/dL após 2 horas da administração de glicose oral numa dose máxima de 75g. Não há necessidade na grande maioria dos casos da realização deste teste.
- Hemoglobina glicada A1c maior ou igual a 6,5%, porém possui limitações para diagnosticar o diabetes tipo 1 em recém diagnosticados e ainda há falta de padronização que nos permite adotá-lo com segurança para o diagnóstico da criança com diabetes.
- Exame de urina pode ser útil para verificar a presença de excesso de glicose na urina.
- Determinação dos níveis diminuídos de peptídeo C e dos auto anticorpos IAA, GAD, ICA512 e anti transportador do Zinco, pode ser úteis para confirmar se é uma doença autoimune.

Infância com diabetes é uma infância sem doces?

Não. Se o diabetes estiver bem controlado e a criança estiver se alimentando adequadamente e praticando atividade física, pode uma vez ou outra comer um doce. Mas é importante lembrar que isto é eventualmente e estando com a glicemia controlada. Na realidade a dieta de um diabético é uma alimentação saudável que deveria ser seguida para todas as pessoas.

Qual a dieta mais eficaz na infância?

A dieta mais eficaz é uma alimentação saudável associada à contagem de carboidratos. Com a contagem de carboidratos, o diabético consegue controlar quantas unidades de insulina deve aplicar ao dia. Isto não significa que pode ficar comendo quantidades altas de carboidratos (encontrados nos pães, massas, tubérculos, cereais integrais, frutas açúcares e doces em geral). Deve haver uma harmonia entre a ingestão de carboidratos, proteínas e gorduras. Mas inserindo a contagem de carboidratos, fica bem mais fácil de controlar o diabetes e evitar picos de glicose ou até mesmo as hipoglicemias.

Como ter o controle na escola?

Hoje é lei as escolas públicas e municipais oferecerem alimentação especial para as crianças com restrições alimentares, como no caso do diabetes. O nutricionista faz o cardápio adaptado para a criança diabética.

Quais os principais riscos?

O diabetes se não tratado pode levar a complicações graves tais como:

  • Retinopatia (problemas visuais que pode levar à cegueira);
  • Nefropatia (problemas renais);
  • Neuropatia (doenças neurológicas que pode levar à perda da sensibilidade);
  • Doenças cardiovasculares, etc. 
Por outro lado, é comum o paciente com diabetes tipo 1 ter hipoglicemia (queda dos níveis de glicose no sangue), muitas vezes por aplicar mais insulina do que deve. O perigo da hipoglicemia é o coma e até mesmo a morte.

Currículo da nutricionista Dra. Graziela Alessandra Klein
  • Mestre em Nutrição pela Universidade Federal de Santa Catarina (2010) 
  • Especialista em Nutrição Clínica Funcional pelo Centro Valéria Paschoal de Educação (2006) 
  • Graduação em Nutrição pela Universidade do Vale do Itajaí (2004)

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