Depressão: Respeite a dor do outro

O mês de Setembro começou e com ele vemos as postagens sobre depressão, prevenção ao suicídio e o Setembro Amarelo. Muitas pessoas compartilham em suas redes sociais estes post e comentam, mas não possuem empatia suficiente para ajudar um familiar que está passando por este momento tão delicado.

Depressão: Respeite a dor do outro


As pessoas que sofrem desse mal devem ser vistas com outros olhos pela sociedade. Eles não são imprestáveis, problemáticos, egoístas ou querem chamar atenção. Eles realmente são doentes e precisam de ajuda.

A palavra de ordem é a empatia, coloque-se no lugar da outra pessoa e respeite a sua dor. Pessoas que tem depressão e outras doenças associadas, geralmente, não tem um problema 'real'. São pessoas que tem tudo para serem felizes e não conseguem. A depressão é uma dor na alma, uma dor cortante, que apenas quem sofre com ela sabe o que se sente.

Não adianta dizer para a pessoa reagir, que ela deveria ser feliz, pois tem tudo que precisa, ou que ela não devia estar assim. O que esta pessoa precisa é de ajuda.

Este texto abaixo descreve um pouco sobre como é a depressão:

Dores da alma


Hoje eu acordei sem querer me olhar no espelho. Penso que se eu me olhar verei minha alma e ela não está com uma aparência muito boa.

Sinto dores na alma, como se ela estivesse despedaçada, como se tivesse sido arrancada de mim e estraçalhada, atropelada, jogada de uma ponte e depois tivessem me devolvido ela, assim, em frangalhos.

As pessoas me olham e não sabem as dores que carrego comigo, não enxergam minha alma sangrando, gritando de dor. Eu disfarço bem.

Quando deixo escapar um suspiro doído, me perguntam "o que foi?", "porque você está assim?". Como se fosse possível para mim dizer apenas uma coisa, ou relatar todas as minhas feridas.

É impossível.

A minha dor é interna, profunda e invisível. Minha alma sangra pelas vidas perdidas, pelos amores não correspondidos, pelo horror do mundo. Minha alma está dilacerada por feridas que não são minhas.

Sinto vontade de me rasgar inteira e sair correndo, libertar minha alma do meu corpo, para que ela possa descansar em paz. Queria que o mundo pudesse ver minhas feridas e me ajudar a suportá-las.

Tenho tanta dor. Sinto tanta dor.

A minha alma está chorando, por fora eu sorrio e até faço piadas, mas por dentro estou gritando de dor, como se tivessem me ateado fogo no corpo, como se minha pele estivesse em carne viva.

Não sinto vontade de nada, apenas de ficar no meu quarto, sinto vontade de dormir eternamente, mas acordo, levanto e coloco a minha máscara mais bela e vou a luta. Disfarço a minha dor o tempo todo, o dia todo, a vida toda.

Sinto como se o mundo estivesse nas minha costas e eu sem forças para carregá-lo, então o empurro, puxo, rolo e vou em frente. 

Você deve se perguntar: " Por que esta infeliz sofre tanto? Ela deve ser cheia de problemas, sem amor, os filhos devem ser horríveis, dar trabalho. Será que é o marido que não presta? Ela não gosta da vida que leva?"

A resposta é Não, para todas as perguntas a resposta é não. Não sou infeliz. Tenho os melhores filhos do mundo, um marido honrado, ótimo pai, um ser maravilhoso. Não tenho problemas no meu trabalho. Amo tudo que tenho. Amo viver e amo a minha vida.

"Mas então, o que é?"

Eu sofro de depressão, me trato para isso, sinto a dor do mundo como se fosse minha própria dor. Quando vejo o que um ser humano pode fazer com o outro, uma adaga fere meu peito. Quando vejo a violência que as crianças estão sujeitas, é como se me acertasse um soco no estômago. Quando um homem joga ácido numa mulher, meu corpo queima com a dor. E quando não acontece nada no mundo, também sinto dor, pois esta doença não escolhe sexo, gênero, classe social, idade. Todos estão sujeitos a sentirem as dores na alma e as dores do mundo como se fossem suas.

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