Minha verdade sobre tratamentos psiquiátricos

Estava lendo a matéria do portal Terra sobre o tratamento de sessões de choque que estão dando na personagem da Paloma (Paolla Oliveira) em Amor à vida e achei que os médicos amenizaram. Não sou psiquiatra e não me trato com um psiquiatra, mas tenho familiares e pessoas conhecidas que já passaram por diversos tratamentos e até mesmo às sessões de choque e posso garantir "isso não é de Deus". Para evitar constrangimentos não irei citar os nomes das pessoas, mas quero contar algumas experiências verídicas e que hoje me fazem ver o mundo com outros olhos:

Paloma

Sessão de choque ou eletroconvulsoterapia

Esse é um dos piores tratamentos que podem existir no mundo. Jamais permitiria que alguém da minha família passasse por isso. Segundo os médicos na entrevista ao Terra, o procedimento não é feito como na novela, a pessoa é anestesiada e leve o choque para dar um "reset" no cérebro. Na minha opinião, se fosse para dar reset no nosso cérebro, Deus que é perfeccionista em sua criação, teria nos feito com um botão de reset. 

Conheci uma mulher ativa, alegre, extrovertida e que às vezes entrava numa depressão. A história dela foi difícil, perdeu filhos gêmeos logo após o parto. Qualquer ser humano "normal", numa situação dessas teria depressões periódicas. Eu, com certeza, não suportaria tanta dor. Alguns anos após a morte dos filhos ela perdeu a mãe e se separou do marido, ficando com uma filha pequena para criar. Triste, muito triste, pois ele não ajudava com pensão e ela tinha que recorrer à justiça periodicamente. Há dez anos atrás ela foi internada, o cérebro não aguentou tanta tristeza, pois sua filha abandonou ela e veio viver com o pai, então ela caiu numa depressão profunda e atentou contra a própria vida. Foi internada numa clínica psiquiátrica e atestada como esquizofrênica crônica (condição de longa duração). Ela passou um longo tempo internada, levou choque na cabeça, toma medicamentos fortíssimos. Hoje ela está sob controle (dos remédios) não é nem sombra da mulher que já fora um dia.

Internações

Se a família quiser "se livrar" da pessoa pode aumentar uma agressão aqui, uma loucura ali e isso pode levar a internações desnecessárias. Eu sou totalmente contra a internação, por melhor que sejam as clínicas, acho que o melhor lugar para se estar é do lado da família.

Um exemplo disso é quando aconteceu na minha família, um parente que já havia sido diagnosticado bipolar, teve um surto e atacou outra pessoa, com direito a palavrões e tentativa de estrangulamento. Levamos ele para uma consulta com o psiquiatra. Ele não conseguia se expressar, mal falava, dizia apenas que estava com raiva pois a pessoa que ele brigou havia dito coisas achando que ele não entendia. O psiquiatra nos disse que havia duas alternativas muito difíceis: ou a internação urgente ou precisaríamos cuidar dele 24 horas por dia. Optamos pela segunda opção, muito difícil, pois ele não dormia, mas muito satisfatória quando ele ficou equilibrado de novo.  

Medicamentos

Em casos das doenças psiquiátricas, assim como qualquer outra doença, os medicamentos fazem parte e precisam ser prescritos corretamente, nesse item tenho vários pontos negativos, pois diferente de uma doença física, a doença psiquiátrica não tem os seus sintomas claros e nem sempre quem está doente consegue se expressar para que o médico possa fazer uma avaliação correta. Conheço pessoa que se tratam há mais de trinta anos e só agora os médicos acertaram a medicação.

Uma pessoa com qualquer problema psiquiátrico deve se conscientizar que os medicamentos farão parte da sua vida. Mas a família deve estar atenta aos horários, quantidades e efeitos colaterais. Minha experiência nessa área é vasta. Veja alguns exemplos:

Os antipsicóticos são em geral muito fortes, certa vez o psiquiatra receitou um para uma pessoa de minha família e nos explicou de que forma deveríamos ministrar o medicamentos. Ele receitou um comprimido de 250 mg e disse: "vocês devem partir este comprimido ao meio e dar por dois dias, depois dar mais dois dias o comprimido inteiro e ir aumentando de dois em dois dias meio comprimido, até a quantia chegar aos 750 mg/dia (3 comprimidos)". Até aí tudo bem. Mas um pequeno erro na hora de escrever a receita quase levou nosso familiar à morte, pois ao passar para o papel, o médico colocou 750 mg no lugar de 250 mg e ao dar o medicamento, chegamos a um total de  2.250 mg, praticamente uma overdose, ele não comia, não falava e inchou demais, até a gente, leigos e nervosos, nos darmos conta do excesso de medicamento. No final tudo deu certo e trocamos de psiquiatra. 

Contestando o psiquiatra que diz que os remédios não causam efeitos como estão sendo mostrados na novela, eles podem causar sim. Muitos inibem o pensamento e emoções, o que já é suficiente para pessoa parecer fora do mundo. Claro que algumas pessoas são mais fortes e não são afetadas pelos efeitos colaterais, mas outros ficam como se estivessem fora do corpo sim. Os medicamentos devem ser receitados e administrados com cuidado e sempre analisando os efeitos colaterais.

Este post não é um artigo médico e nem tem essa intenção, só queria expor a minha opinião e experiência com essas situações. 

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